A Reforma Tributária de 2025 já é uma realidade e vai impactar diretamente o bolso de empresários de todos os portes. Estamos falando da maior transformação tributária do Brasil em mais de 50 anos. Ela cria o modelo de IVA dual, formado pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de estados e municípios, e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal. Além disso, teremos o Imposto Seletivo, que vai incidir sobre determinados produtos considerados nocivos.
Essa transição começa em 2026 e termina em 2033. Parece longe, mas na prática já exige ação imediata, porque cada fase trará ajustes que podem corroer margens, estrangular o fluxo de caixa e até comprometer a competitividade de empresas despreparadas. O segredo é simples: reduzir riscos desde já.

O que muda com a Reforma Tributária?
A Reforma unifica e substitui tributos complexos que hoje geram insegurança e altos custos: ICMS, ISS, PIS e Cofins. Esses dão lugar ao IBS e CBS, cobrados em modelo de débito e crédito, típico de um IVA.
Outro ponto essencial é o Split Payment, um mecanismo que retém o imposto no momento do pagamento da nota e envia automaticamente ao governo. Isso elimina a inadimplência tributária, mas reduz o caixa líquido das empresas.
As alíquotas finais ainda não estão fechadas, mas o Ministério da Fazenda já divulgou referências na ordem de 26% a 27%. Esse valor será base de simulação para empresários ajustarem precificação e contratos.
Cronograma da Reforma até 2033
- 2026 → IBS e CBS começam a aparecer nas notas com alíquota simbólica de 1%. É o ano de aprender e testar sistemas.
- 2027 → Extinção do PIS e da Cofins e entrada plena da CBS. IBS avança gradualmente.
- 2029 a 2032 → Transição gradual do ICMS e ISS para o IBS. Empresas vão lidar com impostos antigos e novos ao mesmo tempo.
- 2033 → Novo sistema consolidado: apenas IBS, CBS e IS em vigor.
Principais riscos da Reforma para empresas
Fluxo de caixa estrangulado
O Split Payment significa menos liquidez imediata. Se você vender R$ 10.000, pode receber apenas R$ 7.200 no caixa, já que o restante vai direto para o fisco.

Precificação incorreta
Formar preço sem considerar a alíquota de referência pode corroer margens e gerar prejuízos ocultos em contratos de longo prazo.
Perda de créditos tributários
No novo modelo, crédito é ouro. Se sua empresa não tiver controle rigoroso de notas fiscais, pode deixar de aproveitar créditos legítimos.
Competitividade no mercado B2B
Empresas do Simples Puro podem perder clientes corporativos, já que não geram créditos de IBS e CBS para seus compradores. Isso vai forçar muitas a migrar para o Simples Híbrido ou até para regimes como Presumido e Real.

Como reduzir riscos da Reforma Tributária
1. Faça simulações de cenários
Calcule impactos no Simples Puro x Híbrido x Presumido x Real. Use a alíquota de referência (26%–27%) como base.
2. Ajuste contratos e cláusulas
Inclua gatilhos de recomposição tributária e repasse automático de custos. Proteja sua margem em contratos longos.
3. Reforce o capital de giro
O Split Payment vai exigir mais caixa. Negocie prazos com fornecedores e crie reservas financeiras.
4. Invista em tecnologia fiscal
Um ERP integrado será indispensável. Automatize captura de XML, escrituração e auditoria de créditos.
5. Treine sua equipe
Financeiro, fiscal e comercial precisam falar a mesma língua. Sem alinhamento interno, o risco de erro e perda de crédito aumenta.

6. Reavalie seu regime tributário todo ano
A decisão não será estática. Todo ano, refaça as contas e avalie se faz sentido continuar no mesmo regime.
Checklist da sobrevivência tributária
- Mapeie operações e tributos atuais.
- Teste sistemas de emissão de NF com IBS/CBS já em 2026.
- Revise precificação e margens.
- Simule fluxo de caixa com Split Payment.
- Automatize controle de créditos.
- Tenha planejamento tributário contínuo.
Conclusão: agir cedo é o único jeito de reduzir riscos
A Reforma Tributária não é um evento, é um processo de 8 anos. E nesse processo, quem agir cedo vai ter menos risco, mais previsibilidade e até vantagem sobre concorrentes. Reduzir riscos significa cuidar do caixa, ajustar contratos, automatizar processos fiscais e revisar anualmente sua estratégia tributária.
Ignorar a Reforma é abrir mão de competitividade. Já se preparar desde já é transformar a maior mudança tributária do país em uma oportunidade de crescimento.