A Reforma Tributária de 2025 trouxe novas regras que afetam diretamente o setor farmacêutico. Drogarias e farmácias estão na linha de frente das mudanças porque trabalham com produtos que já têm regimes especiais de tributação, como medicamentos e cosméticos. Mas afinal, o que muda na prática para as drogarias com o IBS e a CBS? Será que os preços vão subir? E como os empresários podem se preparar para essa nova realidade?

O que muda na tributação de medicamentos e cosméticos
O setor farmacêutico já convive hoje com o regime monofásico de PIS e Cofins, em que apenas a indústria paga as contribuições e os demais elos da cadeia ficam desonerados. Com a chegada da Reforma, esse sistema será incorporado ao novo modelo de IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
A boa notícia é que a lógica da monofasia deve ser preservada em produtos como medicamentos. A má notícia é que ainda existem pontos de incerteza, principalmente em relação a cosméticos e outros itens de perfumaria, que poderão migrar para alíquotas mais altas.
O impacto do IBS e da CBS nas drogarias
As alíquotas de referência estimadas para IBS e CBS giram em torno de 26% a 27%. Embora os medicamentos sigam com tratamento especial, é provável que outros itens vendidos em farmácias passem a pagar mais imposto. Isso pode significar aumento no preço final de cosméticos, dermocosméticos, suplementos alimentares e produtos de higiene.
👉 Em resumo:
- Medicamentos essenciais → mantêm regime especial, com carga reduzida.
- Cosméticos e perfumaria → risco de aumento de impostos.
- Outros produtos de conveniência → tendem a seguir a alíquota padrão.
Split Payment e fluxo de caixa
Outro ponto de atenção para as drogarias é o Split Payment. Nesse sistema, parte do valor da venda vai direto para o governo, sem passar pelo caixa da farmácia. Isso pode reduzir a liquidez e exigir um reforço no capital de giro.
Imagine uma drogaria que venda R$ 100 mil por mês. Com o split, uma parte significativa já será retida e repassada ao fisco automaticamente. Isso exige planejamento financeiro para não comprometer a operação.

Como as drogarias podem se preparar
1. Revisar mix de produtos
Farmácias precisam entender quais produtos terão aumento de carga tributária e quais permanecerão com regime especial. O mix pode ser ajustado para manter competitividade.
2. Reavaliar contratos e preços
É essencial incluir cláusulas de recomposição tributária em contratos com fornecedores e revisar políticas de precificação.
3. Planejamento tributário
Drogarias devem avaliar se o Simples Nacional continuará vantajoso ou se regimes como Presumido ou Real podem oferecer mais economia com aproveitamento de créditos de IBS e CBS.
4. Gestão de fluxo de caixa
Com o split payment, é fundamental reforçar o capital de giro. Ferramentas de gestão financeira ajudam a prever entradas e saídas com mais clareza.
5. Recuperação de créditos tributários
Além da Reforma, muitas drogarias ainda têm direito à recuperação de créditos de PIS e Cofins monofásicos, referentes aos últimos 5 anos. Esse processo pode gerar um fôlego de caixa para enfrentar a transição.

Conclusão: o que esperar para 2025 e além
A Reforma Tributária vai impactar fortemente as drogarias. Os medicamentos devem continuar com regime especial, mas cosméticos, perfumaria e itens de conveniência provavelmente terão aumento de carga tributária. O split payment exigirá mais controle de caixa, e a competitividade dependerá de planejamento tributário e financeiro.
As farmácias que se anteciparem, revisarem contratos, ajustarem o mix de produtos e investirem em gestão terão vantagem sobre concorrentes. Aquelas que esperarem para agir podem ser surpreendidas com margens menores e dificuldades de caixa.
A Reforma não precisa ser um problema. Com estratégia, pode ser uma oportunidade para profissionalizar ainda mais a gestão e ganhar mercado.