5 Pontos Sobre a Reforma Tributária no Simples Nacional que (Provavelmente) Ninguém Te Contou

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5 Pontos Sobre a Reforma Tributária no Simples Nacional que (Provavelmente) Ninguém Te Contou

Você, empreendedor do Simples Nacional, provavelmente ouviu inúmeras vezes que a Reforma Tributária não mudaria nada para a sua empresa. A ideia de que o regime simplificado seria um porto seguro, imune às complexas alterações do sistema tributário, foi amplamente divulgada.

No entanto, essa crença é um grande equívoco. Após uma análise aprofundada da nova legislação, fica claro que os impactos serão significativos e, em muitos casos, contraintuitivos. Eu entendo que, para você, que já lida com mil desafios diários, a última coisa que precisa é de mais complexidade. É exatamente por isso que preparei este guia: para traduzir o ‘tecniquês’ em estratégia prática.

Como foi dito durante todo o processo legislativo, a narrativa era uma, mas a realidade será outra:

“foi muito vendido essa ideia olha o Simples Nacional permanecerá como está o Simples Nacional está mantido não existem impactos para as empresas optantes pelo Simples Nacional e pessoal isso não é verdade isso não é verdade”

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1. O Mito da Imunidade: Por que Acreditar que “Nada Muda” é o Maior Risco de Todos

Contrariando a mensagem repetida durante a tramitação da reforma, o Simples Nacional sofrerá, sim, modificações profundas. A ideia de que “nada muda” é um mito que pode custar caro para os despreparados.

O principal desafio recai justamente sobre as micro e pequenas empresas. São elas que, em geral, mais carecem da infraestrutura necessária — seja tecnológica, de processos ou de pessoal qualificado — para se adaptar às novas regras, cálculos e obrigações que surgirão.

A preparação é essencial, pois a escolha errada entre o recolhimento “por dentro” ou “por fora” pode definir sua competitividade e sua margem de lucro nos próximos anos.

2. O Custo Oculto: Por que sua Carga Tributária Real Vai Aumentar (Mesmo no Simples)

Uma das descobertas mais impactantes da nossa análise é que, para muitas empresas do Simples, a carga tributária total tende a aumentar. O motivo não está na sua guia do DAS, mas nos impostos embutidos nas suas compras.

O “coração” desse aumento está na alíquota dos tributos que incidem sobre seus insumos e despesas. Hoje, a carga oculta de ICMS, PIS e COFINS nas suas compras é estimada em 21,65%. Com a reforma, a alíquota estimada do novo IBS/CBS sobre essas mesmas compras será de 26,5%. Esse aumento nos custos indiretos vai impactar diretamente sua margem de lucro.

Como consultor, meu primeiro conselho é: refaça seu planejamento financeiro agora, considerando este aumento nos custos indiretos. Não espere até 2033 para descobrir que sua precificação está errada.

3. O Paradoxo Estratégico: Pagar Mais Imposto para se Tornar Mais Competitivo

A decisão mais complexa que sua empresa enfrentará é se deve recolher os novos tributos (IBS/CBS) “por dentro” ou “por fora” do Simples Nacional. E aqui encontramos um paradoxo: a opção que resulta em um desembolso maior de imposto pode ser a melhor para o seu negócio.

Para ilustrar, vamos analisar três cenários para um escritório de contabilidade com faturamento mensal de R$ 150.000, e consolidar tudo em uma tabela para que você veja o quadro completo:

CenárioCarga Tributária TotalPercentual da ReceitaCrédito Transferido ao Cliente
Atual (2025)R$ 20.270,4514%R$ 0
Futuro “Por Dentro” (2033)R$ 28.185,0019%(Crédito limitado ao pago no DAS)
Futuro “Por Fora” (2033)R$ 31.374,2721%R$ 27.825,00

Note que pagar “por fora” é o cenário de maior custo tributário direto (21% da receita). Então, por que essa poderia ser a melhor estratégia? A resposta está na última coluna. Ao pagar “por fora”, a empresa passa a gerar um crédito robusto de R$ 27.825 para seus clientes.

Pense no seu concorrente. Se ele optar por pagar “por fora” e oferecer R$ 27.825 em créditos aos clientes que vocês disputam, e você não, qual empresa o cliente B2B irá preferir? A decisão transcende a sua carga tributária direta e se torna uma arma na sua estratégia comercial.

4. A Troca Inesperada: Para Acessar Novos Benefícios, Você Terá que Abrir Mão da Simplicidade

A reforma tributária cria uma série de alíquotas reduzidas para bens e serviços essenciais, como produtos da cesta básica, serviços de educação e saúde. Isso é um grande benefício.

A surpresa, no entanto, é que uma empresa que optar por recolher seu IBS e CBS “por dentro” do Simples Nacional não poderá aplicar essas alíquotas reduzidas em suas vendas. A simplicidade do cálculo unificado no DAS tem um preço: a perda de acesso a esses regimes diferenciados.

Para se beneficiar dessas reduções de alíquota, sua empresa será obrigada a optar pelo recolhimento “por fora”, aderindo à complexidade do “regime regular”. Isso forçará você a uma escolha difícil entre a simplicidade administrativa do Simples e a vantagem financeira de benefícios fiscais específicos.

5. A Ironia da Simplificação: A Velha Confusão “Mercadoria vs. Serviço” Continua Viva

Ironicamente, um dos maiores trunfos da Reforma Tributária — a simplificação e o fim das disputas entre mercadoria e serviço — não se aplicará plenamente a quem buscar a simplicidade do Simples Nacional. A complexidade que se buscava eliminar continuará sendo uma realidade diária para o pequeno empresário.

O motivo é estrutural: sua empresa ainda precisará saber se a atividade é comércio, indústria ou serviço para se enquadrar no anexo correto do Simples Nacional (Anexo 1 para comércio, Anexos 3, 4 e 5 para serviços, etc.). Situações complexas, como a “industrialização sob encomenda”, continuarão a gerar as mesmas dúvidas e incertezas do passado, um problema que a reforma prometia resolver, mas que persistirá dentro do regime simplificado.

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Conclusão

Fica claro que a Reforma Tributária trará mudanças profundas para o Simples Nacional. A chave para o sucesso é a antecipação. Comece hoje a mapear seus principais clientes (são B2B ou B2C?), a categorizar suas despesas e a simular os cenários que demonstramos. Esta não é uma tarefa para o futuro; é uma urgência para agora.

A pergunta que fica é:

Analisando seus clientes e suas despesas, sua empresa já sabe qual caminho será mais vantajoso em 2027?

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